PLAY

?Escolhi o Play como tema pelo fato de ele possibilitar alguma liberdade em relação aos grandes assuntos que perturbam a percepção da vida em si mesma. Para mim, o Play é uma solução parcial na busca da sanidade mental. (...) Considerando os fatores do Play, precisamos ser modestos nas opiniões que formamos sobre as personalidades, pois estas não se revelam até que ?aconteçam? ? além disso, é oportuno observar que os ?caminhos conhecidos da vida? são construídos pelos hábitos que se acumulam em todas as personalidades (...) Construirei agora uma cena imaginária, tão ampla quanto possível, daquilo que estou tentando retratar, representando-a num grande palco: dirija seus olhos e seus ouvidos e outras partes de sua mente para uma representação ou imagem da vida dos hominídeos, e tente fixá-la a ponto de se assemelhar a eles. Esta tentativa possibilita refletir como os hominídeos se tornaram conscientes dos sons dos oceanos, dos ventos, dos cataclismas, e na verdade de muito mais: até mesmo de um futuro que eles nunca iriam conhecer. (...) O padrão de fragmentação prossegue e se expande dentro do espaço que o contém. Esta é uma definição de crescimento. (...) Mas posso afirmar que a descoberta e a formulação dessa singularidade do Play ? de que o seu maior medo é o medo da morte ? tornaram-se, no processo evolutivo das idéias sobre esse âmbito da existência humana, a ponta de lança que nos aproxima do reconhecimento da vastidão de outras características suas, cujos importantes significados ainda permanecem encobertos. (...) Todo ser humano tece a sua própria teia, que sugiro significar a essência de sua própria personalidade. E o exemplo da aranha e de sua teia trazem à mente um outro aspecto fundamental: o infeliz uso de parte da nossa linguagem, para produzirmos falsificações sobre nós mesmos sem que as reconheçamos. (...) Os hominídeos balbuciavam aquilo que levou eventualmente à fala, e nós temos conservado essa capacidade de improvisação que nos conduziu ao atual estágio de nos expressarmos através da linguagem, traduzindo essa capacidade em ação e palavras significativas, que outra coisa não são senão recursos que aperfeiçoamos para lidar com o desconhecido. (...)?