Sinopse
A psicanálise implica escutar, mais ou menos intensamente, as questões singulares e comoventes, isto é, ambíguas e por isso mesmo perturbadores, daquele que sofre. Portanto, daquele que vive. Nesse processo, cabe ao psicanalista, junto ao seu outro dar forma à dor do inarticulado que, por seu próprio modo de ser, excede toda a tentativa da representação. Não é muito diferente o que se passa no plano do fazer artístico. Considerando que é próprio do artista pôr no mundo um ser que jamais foi visto, nunca foi ouvido ou tocado antes dessa instauração, pensar esteticamente supõe fazer contato com esse campo de passagem entre o não-ser artístico e a forma perceptível, assim como pensar psicanaliticamente implica transitar entre o não-dito e o dizível. A Estética pode, assim, ser entendida como o trabalho de dar a compreender a experiência estética cujo campo privilegiado (isto é, não exclusivo) é formado pelas artes. Fundamental, desde a dinâmica da presença e da ausência do sensível, a experiência estética é vizinha da experiência psicanalítica: uma silenciosa abertura ao que não é nós e que em nós se faz dizer.