O AFETO AUTORITÁRIO: TELEVISÃO, ÉTICA E DEMOCRACIA

Como puxar prosa com um desconhecido? Num mundo de grandes cidades, corno o nosso, em que e tão comum nos depararmos com gente que nunca vimos antes, que assunto teremos com elas? Onde encontramos assunto para falar com o outro, e onde encontramos a matéria-prima do laço social, a base para apossível, para o que possa haver de comum entre nós e os demais. Esse estoque de assuntos se encontra, hoje, sobretudo na televisão. Ela fornece a matéria-prima para o encontro dos desconhecidos -e, na Cidade, quase todos os outros são meus desconhecidos. O concidadão é um desconhecido. A cidadania se faz com desconhecidos. Por isso é tão importante a filosofia política pensar a TV: é nela que se encontra não o bem comum ideal, não a república imaginária, mas a possível, a real, com seus defeitos, mas também suas potencialidades.