DIÁRIO INTERROMPIDO

Este diário teve seu início na praia da Oura, no Algarve, em agosto de 1974, tendo como confidente um mar azul, intenso, veemente, e, por falsa testemunha a terra mãe em felonia: suas mãos frias, sua boca cerrada e coração silenciado. Era a hora do abandono. A hora de peregrinar. A hora da danação. Os poemas deste livro, foram o diário desta peregrinação. Iniciada pelo caminho das estrelas, para Santiago de Compostela, continuada por Vigo, Ponte Vedra, Segóvia e Madrid, na velha Espanha goda; prosseguida no Brasil, por Santos, Guarujá, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belém do Pará, Manaus, Santarém, Ilha do Marajó, entre outras terras desse imenso chão, e, Brasília, uma interjeição, ampla interjeição perante a resposta do homem brasileiro ao apelo da voz do oeste, "ao apelo misterioso dos confins da terra, à voz do centro da América do sul, ensinando ao Brasil o seu papel histórico". A peregrinação e com ela o seu Diário, contemplam ainda o regresso, com breves passagens pelos Arcos do Val do Vez, para se interromper definitivamente em Lisboa, no dia 7 de fevereiro do ano de 2000. Selecionaram-se para este Diário, interrompido pelas vicissitudes que envolvem um constante peregrinar, 72 poemas de longa viagem.