HISTÓRIAS DAS QUEBRADAS DO MUNDARÉU

Homossexuais, prostitutas, assaltantes, empregadinhas, macumbeiros, sambistas, beberrões, jogadores de futebol, embusteiros - gente mansa ou violenta, amorosa ou vingativa - é sobre eles que recai o olhar de Plínio Marcos. Movido pelo indignação, mas compreensivo, esse olhar é tão amoroso e compassivo, é cheio de autêntica fraternidade, que surpreende o leitor acaso iludido pela fama de encrenqueiro do autor, que pagou o alto preço de sua rebeldia sempre dizendo: "Fui perseguido pela Censura. Mas fiz por merecer" Encontrar esse olhar- olhar original, sem intermediação de nenhum diretor ou ator - faz valer o mergulho nos textos de Plínio Marcos. Aqui a experiência é de fio desencapado: um autor conta com gosto as peripécias que flagrou, usando a língua que ouviu, e eletriza o leitor, que é pego pela força da palavra, ri com a graça ingênua de uma situação, revolta-se com a violência de outra, sente cheiros, ouve batuques, vibra página após página sob a regência de um mestre em narrar a humanidade em ação, seja no palco, seja na página impressa. Trinta anos depois, o Brasil não ficou melhor nem mais justo para os tipos da galeria de Plínio Marcos. Mas não é por causa dessa atualidade infeliz que relançamos seus contos. É porque o lugar de HISTÓRIAS QUEBRADAS DO MUNDARÉU e da obra de Plínio é dentro do coração e do olho do público - lugar de onde a Censura tentou bani-lo, mas não conseguiu.