O MAR E A ESCURIDÃO

"Samuel olhou a água bater. Pela primeira vez, escutou as batidas contra o casco de forma diferente. Bruscas. Ainda assim, também lembravam uma valsa ao balançar seu barco no mar. Chegou a se levantar para fazer parte da dança. De pé na proa, voltou a sorrir e olhar para a imensidão negra entre o céu e água. Ao contemplar o temporal por vir, achava-se insano. Fracas gotas deram lugar a chuva forte. Misturada ao vento, a chuva rapidamente virou uma tempestade. E o barco prendeu-se aos caprichos das ondas. Com o rosto molhado, os olhos azuis também se inundaram. Samuel, exaurido, um tanto descontrolado, cercado pelas águas, repassou a vida e se esvaiu em lágrimas."