Sinopse
O objetivo do livro foi trabalhar com "O universo literário de Guimarães Rosa", procurando refletir sobre o fingimento com que se constrói a arte do criador de Diadorim e também sobre a sua recepção crítica. O grande tema é da coletânea de estudos é o fingimento, considerado o grande articulador da arte de Guimarães Rosa, a partir de duas atitudes do autor: uma que camufla a encenação feita e outra que exibe o caráter de jogo, representação e artifício das narrativas. Observa-se também que a recepção crítica da obra de Guimarães Rosa vem gradualmente sendo ampliada, especialmente em países da América Latina, na Alemanha, na Itália e nos Estados Unidos da América, analisando-se a teoria da recepção implícita nessa recepção crítica. Uma presença constante nos vários ensaios é o da terceira e de outras margens, o que acabou por dar nome ao volume: quase todos os ensaios tratam dessas outras margens, desse entre-lugar ? o ?não já e o ainda não? ? esse espaço da representação, do fingimento, do lúdico, da criatividade, da imprevisibilidade e do não pragmatismo, em que os textos rosianos desfazem binarismos, verdades e jogos de poder. Nessa terceira margem, onde tudo é e não é, coexistem opostos em constante tensão, desestabilizando a tranquilidade e a passividade do hábito. Por isso mesmo observa-se nos textos uma poética da sonoridade, construída com deslizamentos lingüísticos e fingida simplicidade. São observadas ainda sobreposições de temas e perspectiva, em vários trabalhos que relacionam a obra de Rosa com a de Euclides da Cunha, Gilberto Freire, Dostoievski, Goethe, Musil, Tolstoi, João Simões Lopes Neto e Paulo Hecker Filho.