Sinopse
Pouco após o final de um pega, um jovem é assassinado na frente da namorada, o rosto esmagado, o crânio quebrado, uma parte do cérebro à mostra entre cacos de ossos e sangue, muito sangue. A garota que estava com ele é levada pelos criminosos, estuprada dias e dias por vários homens, aniquilada psicologicamente. Cansados daquela rotina, eles a matam e deixam o corpo no mato. A partir deste episódio chocante, o americano Phillip Margolin construiu o romance Coração de pedra, uma obra que retrata a vida como ela é, em sua versão mais cruel, selvagem e repugnante. O livro é um primor em matéria de minúcias. Não se preocupa com aspectos exteriores. A busca maior é pelo interior dos personagens, suas reações, seus pensamentos. Aspectos da anatomia e especialmente da psicologia são tocados em seus pontos essenciais, não como tentativa de explicar, mas de permitir ao leitor uma visão melhor dos meandros da mente. Com um material tão amplo, Phillip Margolin adentra as perigosas trilhas de uma descrição. Prefere agir como o arquiteto que constrói um edifício em módulos: primeiro a base, depois os apartamentos, cada apartamento um módulo. Os apartamentos — o interior dos personagens — são vistos por dentro, em todos os detalhes. As janelas dão para um mundo exterior geralmente distorcido, conforme os defeitos da visão de cada um. O resultado final é um julgamento da humanidade, um dos supostos assassinos diante do júri. A condenação é geral. Dos promotores e advogados, pela ambição carreirista. Das ciências por suas falhas. Dos criminosos, não pela lei, mas pela vida e pela consciência. Heartstone, que não é o personagem principal mas encarna o espírito do livro ao morrer comido pelas dores da culpa, repete uma frase do apóstolo Paulo: "Todos pecaram, e destituídos estão da graça de Deus." Phillip Margolin segue em seu romance a velha tradição americana dos finais surpreendentes. Um final que desnuda toda a crueldade humana.