EROTISMO E PODER NA FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Este livro focaliza a ficção brasileira da década de 1980, época em que a repressão política mostrava sinais de ceder. A escolha das narrativas e dos autores não podia ser mais rigorosa, sem deixar de ser ampla. As melhores obras de Rubem Fonseca, Silviano Santiago, Raduam Nassar e Haroldo Maranhão, entre outros, foram selecionados como mostruário de uma situação limite, em que o regime de 64, abrindo-se à evidência de que os tempos haviam mudado, mostrava sinais de cansaço.O viés privilegiado é o erótico: as várias facetas da atividade sexual, escancaradas pela ficção com o intuito de denunciar os porões do poder, são minuciosamente tratadas por Rodolfo Franconi. Erotismo e poder constituem um binômio de mão dupla: a repressão política, sendo tão impiedosa e tão incansável, atingia inclusive a intimidade secreta dos cidadãos, transfigurados em personagens de ficção. Por outro lado, o discurso erótico procurava torpedear o discurso do poder, de modo que a denúncia se tornasse ao mesmo tempo uma forma de luta e de revolta contra o status quo político.O resultado é um ensaio que se recomenda não somente pela análise dos vínculos entre erotismo e poder, mas também como um lúcido panorama da ficção brasileira na década de 1980.