O HERÓI DESVALIDO

A poesia de Maria Carpi fala sobre o amor que emerge do próprio desamor. Da força daquele que sentenciado pela desvalia, encontra no ato de amar a expressão essencial da luta. é um conjunto unitário, coeso, narrando uma só história em diversos planos da emoção, quando "um risco de vida o mantém vivo". Carpi é rigorosa na construção de sua poética, demonstrando uma força ética incomum, tanto humana como estética, já que essa força, essa resistência afetiva, essa generosidade na desventura, estão recriadas poeticamente sem o recurso fácil do grito e da revolta. Há um silêncio mais digno, admirável, nessa desvalia que a poeta, miraculosamente, transforma em vigor, finalizando com um hino à alegria, em 17 poemas do último canto. Nas palavras do poeta, contista e crítico Paulo Bentancur, "Maria Carpi tem essa marca de suave agilidade em sua poesia, esse poder de trilhar a via-crúcis sem afogar seu poema em sangue e, antes, dar-lhe água, achar a fonte que o ajuda (ao poema) a continuar exangue, mas vivo, ainda que lancinante na sua lucidez de tanta perda e, na perda, tanto achamento." "O que é belo e verdadeiro me comanda", diz a autora. "E se, de alguma maneira, algo foi excluído dessa possibilidade de beleza e verdade, só por isso me atrai, tanto na escrita como na vida. Além do amor, que, no dizer de Dante, ´move o sol e as altas estrelas´." Dessa forma, após o prestigiado , Maria Carpi reafirma seu nome como uma das grandes vozes da poesia brasileira com este