DAMAS DE COPAS

Em , Cecília Costa desfia um fluxo desvairado de histórias, imagens, lirismos. Entre ilusões, alucinações e sonhos, a realidade tem pouco espaço, mal acha o seu caminho, deixando à fantasia o cerne desta narrativa despudoradamente mágica. Em foco estão quatro mulheres em torno dos 30 anos e de suas labirínticas volúpias, em meio à ressaca pós-ditadura no Brasil. Elas dividem um cinqüentenário sobrado na Ipanema dos anos 1980 e constroem uma nova estrutura familiar sem as convenções da genealogia. Esta obra trata-se de um cuja partitura aponta para uma espécie de música anterior ao livro - poesia que o precede e determina, envolve e ultrapassa, com seus claros e diversos Cecília Costa escreveu um livro belo, que poderia quase aparecer em verso, com as frases límpidas que o atravessam e que inventam horizontes mais livres e humanos, que não julgam e nem condenam. A poesia do tempo. E da compaixão.