MERIDIANO CELESTE & BESTIÁRIO
Marco Lucchesi
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Sinopse
O leitor tem várias possibilidades de entrada neste novo livro de Marco Lucchesi. é um livro que repele sínteses, até por parecer, de modo um tanto enganador, também uma síntese. Porque é uma síntese em processo explosivo. E esse movimento em expansão que parece caracterizar, nestes poemas, a experiência do poeta que chama para si uma variedade vertiginosa de outras tantas experiências do presente e do passado. Há uma percepção de atemporalidade que se apega ao sujeito concreto destes poemas. Nele se dá a aventura. Trata-se de uma ilustração à medida para a idéia de Octávio Paz segundo a qual, "no caso da poesia moderna, o sujeito da experiência e o poeta mesmo: ele é o observador e o fenômeno observado". Livre das amarras ideológicas, religiosas ou não, ele esta entregue a si próprio, tudo é permitido. Assim, não se prende a limites geográficos e muito menos culturais. Pode estar tanto no Rio como em Roma, Berlim, Beirute, Jerusalém. Pode falar tanto da Bíblia e de Islamismo como de Cristianismo e seus representantes máximos. Pode falar de filósofos e místicos de todas as épocas. Pode incorporar todos eles, porque no conjunto, enfim, eles construíram o homem através dos milênios até o momento presente da passagem. Daí o sentido de grandiosidade nesta poesia que se mostra cristalina em suas notações a partir do cotidiano. Um sentimento de grandiosidade que só pode ser associado ao épico. Sim, há uma vibração épica entre os versos seguindo numa espécie de contracanto. Nem sempre grandes façanhas do pensamento e da arte se revestem de grandes gestos. A dimensão cósmica se insinua num momento de insônia banal. A humildade das ruas pode estabelecer a ponte para o sublime profético. Ester, a redentora, se reflete na mulher contemporânea, num eco de sinestesias: "O revérbero de luz/ em que te moves// sol imerso nas águas/ de minha vida." Qualquer tentativa de reduzir o poeta com a intenção de simplificá-lo, vale insistir, será perigosa, pois resultara em não-leitura. No início, a multiplicidade dos estratos talvez seja percebida como elemento perturbador, motivo do estranhamento que precede a instância epifânica: de repente os planos se revelam em harmonia. E brilho.