ROTEIRO DA POESIA BRASILEIRA : RAÍZES

Em suas Raízes (séculos XVI, XVII e início do XVIII), a poesia brasileira era concebida como projeção de códigos e interesses europeus.Tinha por finalidade auxiliar a compreensão da realidade histórica, propiciando aos letrados da Colônia a inclusão das novidades locais aos padrões do pensamento ocidental. Assim, Anchieta vê os índios como presas do demônio, de cujas garras era preciso extraí-los. Para isso, escreveu os autos de catequese, dos quais o presente volume transcreve na íntegra o mais coeso deles, Auto das onze mil virgens, encenado no final do século XVI, em Vitória do Espírito Santo. Em Prosopopéia, Bento Teixeira fará um relato épico da fundação e da prosperidade de Pernambuco, principal núcleo de povoação na época. Em sentido amplo, o poema pode ser lido como uma ficção histórica sobre as origens do Brasil. Por seus múltiplos interesses, Prosopopéia é apresentado sem cortes. No século XVII, destacam-se as figuras de Gregório de Matos e Botelho de Oliveira, normalmente estudados como barrocos, mas aqui tratados como praticantes do estilo agudo e engenhoso. Por sua reconhecida importância, tais poetas ocupam o centro do volume. A antologia inclui também poemas da Academia dos Esquecidos, que, no início do século XVIII, exerceu atividade decisiva na vida cultural da Bahia. Já na segunda metade do século XVIII, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica escreveu um curioso poema sobre a pesca da baleia nos mares da Bahia, razão pela qual é transcrito integralmente na antologia. O conteúdo abandona a fantasia seiscentista e dá início ao verso racional do período neoclássico, que integra o próximo volume da coleção Roteiro da Poesia Brasileira.