Sinopse
O ensino religioso constitui, no presente, desafio para educadores e comunidades religiosas em termos de se definir a mediação mais adequada para a educação do sentido da vida. Na sociedade tradicional,marcada pelo contexto de cristandade, o ensino religioso escolar - confessional - dava continuidade ao ensino recebido no ambiente familiar e do entorno. Num ambiente secularizado e pluralista, os educadores se vêem desafiados a repensar a natureza deste ensino na perspectiva da escola para todos.Para fazer face a esse ambiente, o modelo tradicional se reformula, e dois novos modelos se apresentam: um, centrado na educação da religiosidade, e outro, no estudo do fato religiosos. Ora, esses dois modelos têm encontrado fortes resistências em representantes do modelo anterior. Educar a dimensão religiosa, para os representantes desse modelo, só é possível única e exclusivamente a partir de um contato explícito com a revelação judaico-cristã. Contudo, afirma a fé que a plenitude da revelação de Jesus Cristo atinge quatitativa qualitativamente todos as culturas e toda a realidade. Assim, as demais tradições religiosas são lugares nos quais se condensa a revelação de Deus. Portanto, o terceiro modelo tem sua relevância educativa. O educador se acostumou a ver a realidade com o olhar dualista de fé e razão e a classificar a revelação em natural e sobrenatural. Na realidade, a experiência religiosa demonstra que há uma união radicalíssima entre Deus e o ser humano, entre Deus e a realidade, antes de qualquer construção conceitual. A nosso ver, uma nova compreensão da revelação poderá fazer avançar a discussão acerca da pertinência do ensino religioso. Nãp se pode negar a validade dos outros modelos para o processo de educação à fé. Se o espaço e a realidade dos alunos não permitem, sem mais, o anúncio explícito das verdades relativas à confissão de fé, isso não significa que os demais modelos não sejam de grande valia educativa, inclusive como preâmbulo à fé.