A COSTA DOS MURMÚRIOS
Lidia Jorge
(0) votos | (0) comentários
Sinopse
Antes de mais nada: este é uma prova definitiva de que o romance contemporâneo, em língua portuguesa, esta mais vivo do que nunca. Ao lê-lo, vamos entender perfeitamente por que Lídia Jorge vem sendo aclamada em Portugal e (e Europa afora) como a autora de uma obra das mais originais, abrangentes e significativas do nosso tempo. Em suas mãos a Última Flor do Lácio torna-se cultíssima - e mais bela. O que ela nos oferece aqui é uma história de amor e guerra. Melhor dizendo: de um amor contrariado por uma guerra colonial, quando Portugal fazia na Ã?frica o seu Vietnam, sob o pretexto de que estava a defender a Civilização Ocidental, portanto, branca. Ao contrário do que se objetivava, estava mesmo era cavando a sepultura do regime patriarcal e imperial do indefectível Antônio de Oliveira Salazar, que durou 41 anos, vindo a ruir em abril de 1974, quatro anos depois de sua morte. A guerra que serve de pano de fundo ao romance terminaria em junho de 1975, e não com a "independência dos brancos", mas as dos , como os nativos eram chamados, por influência da racista Ã?frica do Sul, aliada dos Portugueses. No centro da trama esta uma mulher chamada Eva Lopo, a Evita, e seu noivo, o alferes Luís Ale, um brilhante estudante de Matemática lisboeta que a doutrinação salazarista transformaria num soldado sedente de sangue, a degolar cruelmente civis indefesos, em desumanas operações de limpeza, movido pela obsessão de tornar-se um heroi. Eva Lopo descobre. E o trai com um jornalista mulato, num perigoso jogo de vida e morte, do qual sobrevive para contar a história. O panorama da guerra é visto do Hotel Stella Maris, em frente ao Oceano Ã?ndico, na costa da Beira, Moçambique, onde de início acontece a encantadora cena do casamento de Evita e Luís Alex, prestigiada pelo alto comando militar e coroada por uma chuva de gafanhotos, o revide de flora incendiada. A partir daí, os homens seguem para suas frentes de combate. As mulheres ficam a esperá-los, como párias, Eva Lopo conta, enquanto Lídia Jorge, guerreira das letras, parece nos dizer que entre mortos e feridos salvou-se a literatura portuguesa.