SANTA PAULA FRASSINETTI

Embora Paula Frassinetti não seja uma santa popular no Brasil - foi canonizada há vinte anos, em 1984 -, a congregação que fundou, das Irmãs Dorotéias, veio para o Brasil com dom Vital, o famoso bispo de Olinda, cuja atuação foi central na reforma das estruturas eclesiásticas no fim do Império. Aliás, toda a vida de Paula Frassinetti entre Gênova, sua cidade natal, e Roma se desenrola em meio às intensas agitações políticas que culminaram na unificação italiana, depois que os Estados Pontifícios cederam diante do exército da Casa de Sabóia. Mas nesse contexto a vida de Paula, longe de se intrometer nas ambigüidades políticas, caracteriza-se por uma vigorosa opção pelas meninas pobres, com as quais realiza sua vocação à santidade, sofrendo as mesmas agruras da infância abandonada. O livro de Rosa Rossetto, prefaciado pelo cardeal Martini, nos conduz através de todas as contradições políticas da época, mas com os olhos fixos no procedimento ao mesmo tempo generoso e corajoso de Paula, sua certeza interior de que somente o amor vence a morte e que o cristão há sempre de procurar ser a expressão e o braço desse amor de Deus que envolve a todos, especialmente, no caso, as meninas abandonadas. A composição da obra chama atenção: dividida em três partes, num total de 84 parágrafos, constitui verdadeira coleção de imagens. Exteriormente é o que acontece no quadro histórico, mas estão todas elas voltadas para a realidade interior que as anima: a caridade heróica da biografada.