Sinopse
O negro e a religião é tema controverso. Não raro, quem se põe a discuti-lo o faz por um viés emocional que desvia do núcleo da questão, tomando a defesa de uns, atacando outros, promovendo a polêmica inútil. Desse modo, os ressentimentos se acumulam, os preconceitos se cristalizam e a compreensão do fenômeno não se dá. A dissimulação se instaura, poderosa e coerciva, em sociedades e instituições que se querem abertas, fraternais, historicamente libertadoras. Diante da realidade tão complexa, toda busca teórica de compreensão é intrigante: o que é isso que tanto se manifesta e tanto se esconde? O que é tão evidente e obscuro? É preciso percorrer os caminhos da história, da sociologia, da filosofia, da psicologia para alcançar um terreno onde o diálogo seja sereno e não haja exclusivismos. É necessário perseguir o horizonte onde o encontro sujeito histórico-religião se dê na liberdade, o que em nosso estudo é paradoxal: a abertura da Igreja ao negro, o reconhecimento de sua pertença plena ao povo de Deus a partir de sua religiosidade específica é a forma mais adequada de refazer os caminhos de discriminação e alijamento histórico.