Sinopse
O temas do demônio, ao longo dos séculos, passou por situações bem-diferentes: além de períodos em que esteve no auge (séculos XV e XVI, por exemplo), conheceu também momentos de decadência e de esquecimento. Descrevemos algumas das peripécias por que passou esse personagem tão vilipendiado. O leitor não encontrará aqui um tratado de demonologia, mas um ensaio que, na medida do possível, procura ser rigoroso. As estações que vamos percorrer em nosso trajeto são bem-diferentes: começa-se pela constatação de que Satanás ficou velho e perdeu poder: evoca-se o aspecto amável do personagem, lembrando que serviu de inspiração para filósofos e literatos; recorda-se, sem nenhuma irritação, que foi um martelo para hereges e bruxas; constata-se que os teólogos o deixaram um pouco de lado; lembra-se que suas origens foram pouco brilhantes (no Antigo Testamento foi uma figura marginal); reconhece-se que a situação muda no Novo Testamento, quando o demônio brilha como se tivesse luz própria; por fim, se lhe agradecem os serviços prestados: sua conhecida rudeza ajudou os seguidores e anunciadores de Jesus a dar maior destaque e mais plástica à profundidade e novidade da mensagem do Mestre. O ensaio termina lembrando que o discurso sobre o demônio não é inócuo: um Satanás alçado a postos que não lhe correspondem no universo cristão pode voltar a desempenhar a função que exerceu no Antigo Testamento, um simples "estorvo".