Sinopse
O romance é em parte autobiográfico, ao narrar o envolvimento de Stingo com a bela Sofia, assombrada pela terrível escolha que precisou fazer um dia e que não somente definiu o resto da sua vida, como também se tornou uma expressão idiomática: fazer uma “escolha de Sofia” significa ver-se forçado a optar entre duas alternativas igualmente insuportáveis.
Em sua patética grandeza, A escolha de Sofia nos mostra uma mulher entregue a uma relação alucinante e destrutiva, impermeável a qualquer felicidade capaz de desviá-la do puro e simples aniquilamento. Para além das cercas eletrificadas e das câmaras de gás, Auschwitz continuava a fazer vítimas.
Por trás das angustiantes lembranças que atormentam Sofia, cujos mistérios são aos poucos implacavelmente revelados, o autor mergulha fundo nas raízes da loucura e da crueldade humana que ele próprio conheceu de perto.
O livro foi um sucesso instantâneo em todo o mundo, onde vendeu mais de 10 milhões de exemplares, não só por tratar de um tema polêmico e candente, mas também por sua linguagem de thriller, que torna a leitura acessível a qualquer leitor que deseje apenas desvendar o mistério, mas também um prazer intelectual para os leitores mais exigentes, que acompanham, passo a passo, uma fascinante discussão filosófica sobre a natureza do mal, a partir das ideias de Simone Weil — filósofa francesa que lutou na Guerra Civil Espanhola e na Segunda Guerra Mundial — e da pensadora judia de origem alemã Hannah Arendt.
O romance de Styron provoca polêmica também por deixar claro que o Holocausto vitimou também milhões de não judeus. A própria Sofia do título era polonesa e católica.
“A escolha de Sofia é um livro corajoso e passional... um romance filosófico sobre o assunto mais relevante do século XX”, escreveu o crítico e romancista John Gardner no The New York Times Book Review. “Uma das razões pelas quais Styron é tão bem-sucedido ao escrever A escolha de Sofia é que, como Shakespeare (a comparação não é exagerada), Styron sabe como se distanciar da parte sombria do seu material, de modo que, ao voltar para ele, este golpeia com redobrada intensidade... A escolha de Sofia é um romance de suspense da mais elevada grandeza, tanto mais de suspense pelo fato de que os segredos sinistros que vamos desenterrando um por um — revirando mentiras e terríveis males-entendidos, como uma mão procurando às apalpadelas por uma pepita de ouro no ninho de uma cascavel — podem muito bem ser segredos da História e de nossa própria natureza humana.”
A escolha de Sofia teve versão cinematográfica de grande êxito. Com roteiro, produção e direção de Alan J. Pakula, foi eleito o melhor filme de 1983 pela Associação de Críticos de Nova York e Los Angeles, ganhou o Globo de Ouro da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, e deu à atriz Meryl Streep o segundo Oscar de sua carreira.