A LEITURA NA TELA DO COMPUTADOR

Da escrita na pedra, no papiro, argila e tecido, passando pela prensa tipográfica e, mais recentemente, o computador, a internet e os livros digitais ou eletrônicos, como se comportam as pessoas na atividade da leitura? Em que medida esses diferentes suportes dos textos modificam ou não as formas de pensamento? Com o surgimento da imprensa, imaginou-se que faria de nós “cérebros de papel” ou o “cérebro-tinteiro”, conforme McLuhan. O computador, por sua vez, eliminaria o papel e nossa atividade mental seria assimilada ao comportamento do chamado “cérebro eletrônico”. Tendo ingressado nos lares no início dos anos 1980, passou a sofrer um processo de antropomorfização, sendo eleito pela revista norte-americana Time o “homem do ano” de 1982. Seu contato inicial com (“outros”) seres humanos nem sempre é tão amigável. Talvez por isso ainda não sejam poucos os educadores que, vendo o computador à distância, tendem, quando não a temer, a idealizar o seu potencial como ferramenta de ensino, o que já havia sido feito com outros meios como o rádio e a televisão. O professor Samir Mustapha Ghaziri, superando aquela dicotomia, procura estabelecer com o computador uma relação de proximidade e independência, mostrando as possibilidades e desafios que sua utilização apresenta aos novos filósofos, aqueles que fazem da busca do conhecimento sua grande aventura. O século XV das grandes navegações marítimas é o século do surgimento da imprensa no ocidente, como o século XX das navegações espaciais tornou possível a navegação on-line no mar imenso do conhecimento via Internet. De certa forma, é algo como essa travessia que o professor Samir realiza neste livro, mostrando a quantos trabalham com educação e comunicação em geral os desafios da nova revolução técnica para a formação do novo leitor.