FICÇÃO COMPLETA - BRUNO SCHULZ
Bruno Schulz
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Sinopse
“Este livro é uma tentativa de extrair a história de uma certa família, de uma certa casa de província, mas não a partir de seus elementos reais, acontecimentos, caracteres ou destinos verdadeiros, e sim procurando acima deles o conteúdo mítico, o sentido definitivo daquela história.” A frase do escritor polonês Bruno Schulz (1892-1942) para definir Lojas de canela (1934) poderia ser aplicada a toda a sua obra ficcional – composta também de Sanatório sob o signo da clepsidra (1937) e quatro contos esparsos – que pela primeira vez ganha edição completa no Brasil. Como numa saga única, as histórias amarram-se pela figura de um mesmo narrador, o menino e depois adolescente Józef, e pelo cenário de uma pequena cidadezinha provinciana que vivencia o avanço do capitalismo industrial e o esfacelamento do império austro-húngaro. Num estilo que se aproxima da poesia, as palavras no texto de Schulz não estão a serviço da mimese; antes, ao contrário, parecem elas mesmas forjar uma realidade própria (“a realidade é a sombra da palavra”).
A vida social e em família, a descoberta da criação artística, do amor, da vida e da morte – tudo é descrito de forma a criar quadros imagéticos, próximos do sonho. Se no final da década de 1930, na Polônia, segundo Czeslaw Milosz, o nome de Bruno Schulz “ressoava com uma aura distinta e mágica”, o universo ao mesmo tempo enigmático e familiar de sua obra foi lido com grande interesse por autores da geração posterior, como Philip Roth, John Updike e J. M. Coetzee, fazendo desse discreto professor de desenho, que estreou na literatura aos 42 anos e morreu pelas mãos de um oficial nazista, um dos autores mais importantes da literatura da primeira metade do século XX.