Sinopse
Doutor Fausto usa uma técnica novelística ousada, texto filosófico escrito pela mediação do foco das metáforas, elipses e hipérboles, do romance em que os conceitos não estão engaiolados nos argumentos, hipóteses, proposições e teses, mas no jogo-devir poético das palavras. Os conceitos seguem carreados pelo ritmo, pelo puxar das frases lapidadas, pela sonoridade da língua, onde todos os temas se relacionam, tudo é realidade, tudo é símbolo. Tanto os percursos de Fausto como os rumos da trama são guiados pela ideia da fenomenologia. O porquê do Ser total arrasta Fausto para a filosofia. A filosofia é a arte de perguntar sem complacências!, diz ele. Cedo reconheceu Fausto o labirinto das questões, das dúvidas.
Personagens reais, como o filósofo Eugen Fink, se misturam com criações imaginárias. Fausto, discípulo de Husserl, formado na disciplina e no estilo severo da filosofia alemã, faz conciliar a fenomenologia da memória e o proliferar da palavra de ficção. Atravessa, com Eugen Fink, Engadine, e detém-se em Sils Maria, a pequena aldeia entre dois lagos, cercada de altos picos, onde Nietzsche recebeu a revelação do eterno retorno.