Sinopse
O enredo de Os exércitos é, numa palavra, avassalador: um casal aposentado vive o cotidiano tranquilo e modesto de uma pequena vila interiorana (cuja emoção maior é a observação mais atenta do que o conveniente da vizinha por seu membro masculino), até que, repentinamente, e num crescendo incontrolável, tudo vai sendo submergido na degradada e degradante guerra colombiana, que chega, porém, não como um terremoto, mas como uma lenta e inexorável subida da maré, a cada dia mudando tudo um pouco mais, e um pouco mais terrivelmente. Na verdade, as coisas começam a mudar não por uma presença, mas por uma ausência: a de algumas pessoas, que desaparecem. Esta ausência é compensada pelo surgimento de homens armados, para levar embora os vizinhos do casal, ao que se segue mais uma desaparição, a da mulher do narrador, que parece ter saído à sua procura quando ele retorna de um passeio. A presença dos homens armados então se intensifica, bem como o êxodo dos moradores, acabando por desfazer da maneira mais radical e inimaginável uma vida que parecia destinada a ser a conhecida, habitual e segura repetição cotidiana de si mesma.