Sinopse
Há algo de infantil no caligrama, e disso não escapam os Caligramas do poeta francês Guillaume Apollinaire, escritos durante a Primeira Guerra Mundial 1914-1918 e publicados em 1918. De fato, o caligrama, por ser escrita-imagem uma mistura de caligrafia e ideograma, lembra os primeiros passos voltados para a alfabetização, quando a criança desenha e, gradativamente, introduz nos seus desenhos letras, e depois palavras. Entretanto, longe de voltar para uma certa ingenuidade que remeteria ao desejo de uma inocência perdida, o caligrama possui o inigualável poder de erupção.Erupção dentro da unidade da palavra, erupção na linearidade narrativa do discurso, criando ilhas textuais circundadas pelos brancos que preenchem o papel de sintaxe; erupção, enfim, da visibilidade na legibilidade e do figurativo na ordem do signo lingüístico.Em relação a essas explorações poéticas que juntam o legível com o visível, o livro muito bem-vindo de Álvaro Faleiros oferece aos leitores uma tradução e uma visão também belíssima dos caligramas do poeta francês.Três objetivos norteiam a obra: propor uma tipologia dos caligramas de Guillaume Apollinaire, traduzi-los e, enfim, finalizar o percurso mediante comentários que possibilitam aos leitores a abordagem dos caligramas no seu contexto histórico, cultural e literário.O grande mérito desse estudo reside tanto na qualidade das traduções, como também no fato de levar o leitor aos bastidores da tradução, cruzando as respectivas indagações com as da poética e da semiótica do espaço gráfico. Véronique Dahlet