Sinopse
Primeiramente, a palavra imprecador não existe nos dicionários. E Imprécateur, consta nos dicionários franceses como neologismo. Mas nada se encaixaria tão bem como esse adjetivo inventado como título.
A princípio, como o título e o primeiro capítulo sugerem, esse tal imprecador, cujas imprecações são dirigidas aos mais altos executivos da Rossery & Mitchell-France, é culpado por uma série de eventos dentro do prédio de aço e vidro da filial francesa da multinacional norte-americana. Um bizarro funeral do iminente diretor de marketing, uma misteriosa rachadura nos alicerces do prédio e um rolo distribuído a todos os empregados cujo conteúdo gera confusão entre os que “sabem”.
Mas isso é o que o alto escalão da empresa quer acreditar. O imprecador torna-se um fantasma, um demônio, um morto-vivo que assombra as galerias subterrâneas onde o prédio foi construído. Lhe dão atributos sobrenaturais tão convincentes que os modos de investigação beiram ao bizarro. Homens de terno e gravata, diplomados em universidades de prestígio, agindo feito atores de teatro burlesco. Homens capacitados brandindo tochas, temendo as mesmas crenças que homens medievais. E isso não é exagero de minha parte. Em vários momentos eu parei e pensei: - Eles ficaram realmente loucos. E tudo porque um rolo de conteúdo simplório e cômico, uma lição explicando as principais leis do capitalismo, foi distribuído clandestinamente para todos os empregados. Ora, foi com esse tipo de despreocupação que os nervos dos membros do staff se romperam.
A narrativa é guiada pelo diretor-adjunto de Relações Humanas, que proporciona uma das delicias deste livro, os discursos eloqüentes. Claro que, pertencente ao staff, ele também é prejudicado pelos acontecimentos, e um dos responsáveis por desmascarar o imprecador. Isso quer dizer que ele não ficou imune à loucura que se abateu sobre os executivos. Mas sendo conhecedor do comportamento social, expõe com detalhes as brigas internas, discriminação hierárquica e a vontade de se sobressair custe o que custar.