Sinopse
Boca de luar saiu em 1984, três anos antes da morte de Carlos Drummond de Andrade. Ainda assim, parece bem longe de ser o livro de um octogenário, como era o caso do autor mineiro: a vitalidade infinita, a curiosidade onívora e a leveza despreocupada dos textos embaralham para sempre a noção de cronologia. São páginas cheias de energia, humor, genuíno interesse humano e criatividade – coisa de moleque, na melhor acepção do termo.
Reunindo textos aparecidos originalmente no Jornal do Brasil, onde o autor publicaria sua última crônica em 1984, Boca de luar apresenta um Drummond em plena forma. Há desde crônicas que se enquadram nas convenções deste gênero tão brasileiro, até ficções e causos escritos com mão levíssima e imaginação. O material é decalcado da vida no Rio de Janeiro e da leitura de notícias, e composto com fluência e beleza numa prosa escorreita que é uma verdadeira lição de escrita em língua portuguesa.
Também não poderiam faltar o pendor memorialístico do autor em alguns textos, como ™Milho cozido?, ™Coisas lembradas? e ™Participação de casamento?, e até mesmo uma crítica à sociedade do espetáculo – traço que já era forte trinta anos atrás – em ™Tem cada uma na vida? e ™Arte e casamento?. Prova da atualidade e da permanência de um escritor que, a cada nova edição, mostra por que é justamente um dos maiores clássicos da literatura brasileira