UMA CANÇÃO DE NINAR PARA O DIABO

"Quando vi, apressei o passo. Uma vitrine com muitos chapéus panamá. Bem arrumada, elegante, sóbria, convidativa. Parei e fiquei observando. Primeiro, vislumbrei o conjunto. Então, procurei observar cada exemplar e, depois, comecei a escolher o ou os que compraria para mim. Uma tarefa deliciosa que não me cansaria, eu tinha certeza, mesmo que permanecesse ali, e eu não tinha porque não permanecer, por quase uma hora. Afastei-me, em dado momento, da vitrine para mais uma vez ter uma visão panorâmica da exposição. Fiquei, mãos para trás, absorto em minha observação. Voltei para perto do vidro para examinar em detalhes, novamente, cada exemplar. Em um dado momento, percebi, em um relance, um reflexo no vidro da vitrine. Uma figura feminina. Eu me virei, instintivamente. Era uma jovem. Talvez a mais bela que eu jamais vira em carne e osso. Ela sorria e, importante: sorria para mim. Sorri e recebi um sorriso mais aberto de volta." Carlos Magno de Melo