Sinopse
Entre os destaques da revista, está o texto “Contemplando Kafka”, de Philip Roth (1933-2018), que narra os últimos anos de vida de Franz Kafka e, em um exercício de imaginação, conjectura o que poderia ter acontecido se o escritor tcheco, que morreu em 1924, tivesse vivido por mais tempo e se refugiado nos Estados Unidos. Numa de suas últimas entrevistas, Roth revelou que este ensaio, escrito em 1973 e inédito no Brasil, era um de seus preferidos. O historiador norte-americano Henry Louis Gates Jr. (1950), no ensaio “Branco como eu”, retoma a história do crítico literário Anatole Broyard (1920-1990), que, para se consolidar no meio editorial, omitiu sua ascendência negra. No ensaio “O segredo e seu contrário”, o italiano Claudio Magris (1939), um dos maiores escritores europeus da atualidade, reflete sobre como o conceito de segredo está presente em diversas esferas da sociedade: da política, às brincadeiras infantis, dos mitos gregos à intimidade dos casais, e no próprio exercício da escrita.A edição traz também “A Ilíada ou o poema da força”, clássico da filósofa francesa Simone Weil (1909-1943), publicado em 1940, durante sua militância na resistência francesa. A autora propõe que o verdadeiro tema da obra de Homero é a força, que, de diferentes maneiras, subjuga a alma humana.Em “Fios, nós, tranças, tramas”, a filósofa brasileira Carla Rodrigues (1961) apresenta uma breve história dos feminismos no Brasil. Em “Todos pareciam felizes”, o poeta Eucanaã Ferraz (1961) reflete sobre a cultura material da década de 1960, entremeando referências distintas, como a obra de Carlos Drummond de Andrade, os filmes de Alfred Hitchcock e a arquitetura dos motéis norte-americanos. Ainda na serrote #30, o escritor Joca Reiners Terron (1968) mergulha nos papéis e nas obsessões de Valêncio Xavier, no ensaio “O Frankenstein de Curitiba”. A angolana Djaimilia Pereira de Almeida (1982) e o português Humberto Brito (1980) refletem sobre os impasses do engajamento político em “O desinteresse pelo poder”. Em “Transgressão à direita”, Daniel Salgado (1995) recupera as origens da nova direita brasileira nos fóruns da internet.A edição traz também ensaios visuais de Santidio Pereira, Marcos Chaves, Gego, João Loureiro, Hurvin Anderson, Helena Almeida, William Orpen e Regina Silveira, que assina a capa da revista.