O CAOS AGRADECIDO

Li o livro. Ele é um poema? É um conto com uma feição de tragédia? Ou simplesmente é uma expressão da alma que não se deixa enquadrar a molduras padronizadas, numa insubordinação deliberada? Pode alguém estar dentro de um sistema e ignorar suas regras e ao mesmo tempo sobreviver por muito tempo? Ouvir o reclamo do texto Ubrais é repor o caos, é mexer no conceito de ordem e perceber a existência da congérie social, uma imensa presença de gente, gestos, interesses e vontades desencontradas, sem forma, descompromissados, nulificando atos e impedindo certezas, apequenando a vida humana. O mundo construído nessa inexistência de ordem não pode ser falado de modo regular porque terminaria por estabelecer perfis, enquadramentos, limites e, por isso mesmo, Ubrais se indispõe com a ideia da comunicação que define e aí ele perturba em cada ponto à reflexão que quer saber dos modelos, dos modos organizados com princípios, meios e fins: Eu sou o que restou do que eu fui [...] Desse modo, estamos presenciando um delírio momentâneo de fuga de compromisso estético ou uma nova estética estaria se formando, a representar o desordenamento social que o processo histórico produziu.