Sinopse
Há, ainda, na região cacaueira da Bahia, certo ciúme de província, materializado na forma de negação, sobretudo aos “de fora”, quando aportam conhecimentos mais amplos ou melhor elaborados sobre a cultura do lugar.
Disto sabe o autor de Cacau inventado, que aliás ironiza sua condição forasteira ao colocar-se sob o olhar suspeitoso do “macaco” jupará, semeador natural do cacaueiro: “Jupará me olha esquivo/ por entrar no seu jardim...” Mas são afinidades eletivas as que ligam o soteropolitano Wladimir Saldanha ao mundo do cacau e o fizeram dedicar-se a ele no âmbito acadêmico e − agora também − no artístico. Excepcional leitor de Adonias Filho e outros escritores sulbaianos, diversos deles referenciados nesta obra, o poeta vai ao jardim do jupará e nos traz este fruto de poderosa poesia – germinada com intensa consciência literária, jamais afastada da tradição.
Uma abordagem nova, plena de possibilidades para a retomada do tema “cacau”, agora na angulação da decadência da lavoura. Como vai dito num pastiche de Sosígenes Costa: “Ora, a tristeza, este pavão parelho/ veio para mim, que sou de fora...”