CINEMA, INFÂNCIA E RELIGIOSIDADE NA ESPANHA FRANQUISTA
Antonio Moreno
(0) votos | (0) comentários
Sinopse
Em forma de ensaio, o autor investiga em filmes espanhóis elementos que possam contribuir para uma reflexão mais estendida dos temas desenvolvidos na sua tese de doutorado "Cinema, ideologia e infância", tão em evidência e em convulsão na atualidade.
No caso espanhol, o discurso religioso pôde atuar, em paralelo com a ideologia política, de forma contundente, exercendo influência no comportamento e nos caminhos de uma sociedade.
A época enfocada vai dos anos 1950 a meados de 1970. Como contexto político de análise dos filmes, o franquismo - regime iniciado a partir da convulsão política da Guerra Civil Espanhola de 1936-1939. Regime que leva ao poder o general Franco e a ideologia franquista - de direita fascista -, que se alia oficialmente à Igreja Católica, dando a ela a pasta da Educação, numa época em que o pensamento de um Estado laico ainda não se intensificara.
Moreno observa a evolução do cinema espanhol e enfatiza o fenômeno nominado de cine con niños, que teve seu apogeu no período abordado. Dois filmes exemplares estrelados por atores mirins são analisados: "Marcelino pão e vinho" (1955), dirigido por Ladislao Vajda, e "O pequeno rouxinol" (1956), por Antonio Del Amo.
Nas análises foi possível evidenciar o discurso político e a catequese da Igreja Católica, nos quais tabus ou dogmas morais e espirituais são induzidos/ensinados num momento em que a sociedade espanhola estava subjugada por um governo autoritário, de um só partido, estruturado em oligarquias e donos de terra e empenhado numa cruzada nacionalista sob o lema "pátria unida e família".