POR UM PROTOCOLO DE LEITURA DO EPISTOLAR

Propondo novo impulso aos estudos sobre a tessitura epistolar, este livro analisa o conjunto de ações reiteradas e os jogos discursivos e performáticos que caracterizam a arte das correspondências. Ele se atém aos mecanismos que entrelaçam a epistolografia e a literatura, e aos que diferenciam as cartas das demais escritas de cunho autobiográfico. Alguns dispositivos, como pontualidade e assiduidade epistolar, (des)honestidade epistolar, peleja e inferno epistolar, e carta compartilhada, encravada ou atravessada, contribuem para o delineamento deste protocolo de leitura. As cartas são textos multifacetados: há textos que acolhem cartas, há cartas que se sucedem e compõem um texto. Há cartas-monólogos, cartas-diálogos, cartas de amor, de desamor, de ruptura, de ameaça, de despedida, cartas-manifesto, cartas-abertas, cartas bíblicas, cartas-poemas, cartas-romances, cartas-ensaios, cartas caleidoscópio, cartas e mais cartas que se desdobram, cartas-palimpsestos que se inscrevem umas sobre as outras em uma espiral sem fim.