REDESEJO: LOGO HAICAIS E OUTROS POEMAS

Em Redesejo: logo-haicais e outros poemas, a simplicidade não abdica do rigor e da evo- cação do paideuma do poeta, sobretudo o literário e o filosófico, assinalando que a composição poética é cerne da criação: os poemas sobressaem também pela logopeia e pelo caráter ideogramático. Fazer o simples, em poesia, é complexo, mais ainda quando as referências são caleidoscópicas. A lição da simplicidade o poeta aprendeu, entre outros, de Leminski, cuja voz ressoa humor e leveza pelo livro, expedientes poéticos que des-velam um profundo respeito pela fragilidade e pela delicadeza humanas, materializadas na dicção sinestésica de Basbaum. Tal leitmotiv é recriado ora mais ora menos proximamente pela beleza, lirismo e precisão dos guaches de Ricardo Bezerra, que iluminam os versos e sua erótica, seja ela da ordem do que é propriamente erótico, ou daquilo que emerge da pulsão de vida, poiésis, instâncias que tangenciam ou repropõem alegorias nos poemas, nos guaches. Diante do agreste do mundo, em nome da impermanência e da invenção, nestes tempos em que a violência exacerba, definiria o aprendizado poético do livro de Sérgio Basbaum assim: redesejar é preciso; é possível, imperativamente. Diana Junkes