O MARGINAL

O espírito da primeira metade do século 20 de uma pequena cidade do Sul de Minas Gerais acompanha o personagem nos principais centros do país. Além dos costumes da época, contrastando riqueza e pobreza, há também o linguajar típico do mineiro inculto carregado de filosofia. Esse é o pano de fundo que se abre à leitura. Os autores, um professor de português e um engenheiro, são profundos conhecedores do palco onde se desenrola o romance. Os personagens, tidos como fictícios, foram inspirados em moradores dessa pequena cidade sul-mineira. Um bastardo, rejeitado pela família rica, é criado por um pobre pescador que fora chofer de caminhão, mas perdeu o emprego devido à crise de 1929. No ambiente de miséria extrema, o garoto ajudava o pai até ingressar como aluno em um internato mantido pelo governo, onde começou a questionar as diferenças sociais. Surgem as angústias nesse ser inteligente que se debate diante de um mundo cheio de controvérsias, trazendo à tona a luta, a todo custo, em prol de uma vida melhor, mais confortável, que o dinheiro pode proporcionar. O personagem principal aplica sua astúcia na conquista de seus ideais, fazendo-se valer sua perspicácia diante dos grandes negócios que o país apresentava na sua época. Teve muitos acertos, mas também enfrentou situações difíceis. Vale a pena enfrentar o mundo, não importando os meios, para atingir um ideal a todo custo? Em um texto envolvente desde o início, Milton é quem vai responder, como vilão ou herói dessa trama.