POR UMA POLÍTICA DA CONVIVÊNCIA: TEOLOGIA - DIREITOS HUMANOS - HANNAH ARENDT

A obra de Kathlen Luana de Oliveira é um belo exemplo do quão profícua pode ser a interpretação da obra arendtiana mobilizada por preocupações teológicas. O que preocupa fundamentalmente a autora é a potencialidade dos direitos humanos para a articulação da convivência humana. Com efeito, em seu interesse por investigar as condições que presidem a existência humana, Hannah Arendt enfatizou agudamente a centralidade da condição humana da pluralidade. Entre as principais condições para as quais as atividades humanas constituem uma resposta, ela menciona a natalidade, a mortalidade, a vida, a mundanidade e a pluralidade. As atividades humanas relacionam-se, de um modo ou outro, com a natalidade e a mortalidade, mas, antes de tudo, o trabalho responde ao nosso estar vivo; a fabricação, à nossa pertença ao mundo; e a ação, à pluralidade, ao fato de que vivemos sempre em meio a uma diversidade de outros entes humanos semelhantes a nós, mas irredutivelmente singulares. De modo análogo a como trabalhamos para conservar a vida, fabricamos para conservar e transformar o mundo, nós agimos politicamente devido ao fato de sermos plurais e em vista da conservação dessa mesma pluralidade.