Sinopse
Madrugada alta, o confinado acorda. Pelas grades do calabouço, aquele luão enorme sobre a torre da Sé, muito branco, espreita o solitário, num gesto muito, mui solidário. Lua solidária é o décimo segundo livro de João Gomes da Silveira, o sétimo de poesia. Trata-se de uma miscelânea de poemas de matizes sociais, pinçados a partir da prisão política na qual o escriba se envolve em plena fase gris dos “anos de chumbo”. Enquanto poesia revel, que questiona, mas também de sofrência, a um só tempo, eis o seu subtítulo – Versos insurgentes. Temas como o medo (Lua solidária), a opressão, a esperança e desesperança, otimismo, seca, miséria e fome, fé na vida e até fenômenos naturais, como enchentes e abalos sísmicos, tudo aqui desfila, pari passu, enfeixando um painel do cotidiano e da própria condição humana. Um ou outro texto poderá parecer anacrônico, porém, como retratação de épocas variadas, é por bem mantê-los todos no corpo do livro, como se reprodução de breves reportagens.