ANGÚSTIA NO JARDIM EUROPA
Ernani Vilela
(0) votos | (0) comentários
Sinopse
"Para suavizar o cansaço respirou fundo, deduzindo que além das paredes, alguns pedaços azuis não estavam encobertos pelas instáveis nuvens paulistanas. Pareceu-lhe então que atrás de uma janela da Rua Escócia, Julie London continuava a cantar “Cry Me a River”, mas eram apenas lembranças sonoras, ecos antigos armazenados em seu cérebro. Um automóvel sem escapamento quebrou o silêncio, deixando um rastro irritante. Depois a chuva voltou a cair e o tempo fechou, induzindo-o a mergulhar mais uma vez nos obscuros porões de seus abismos."
"Seres humanos, no epílogo da vida, fazem balanços de suas trajetórias. E todas têm aspectos indesejados. O sofrimento e o tédio − estes extremos da realidade − não admitem exceções. Mesmo no caso de Ofídio, um sujeito privilegiado (saúde/dinheiro/beleza/educação/cultura), que vive oscilante, ora sofrendo, ora entediado. E justamente por causa de seus invejáveis atributos, via processos dialéticos, é constantemente atacado por uma tenaz angústia que induz sua imaginação a desafiar os bons costumes com inusitados acontecimentos...excêntricos, exorbitantes, insolentes, insatisfatórios..." - Nelson Rolim de Moura.