ELIANA AOS 13: CONTOS

Uma espécie de prêmio. Aquela prima. Eu fingia que não ligava para ela, que só queria brincar com os meus amigos. Ela me pedia para ensiná-la a dar ponta com seu jeito suave de amamentar o meu amor. Eu dizia que estava muito ocupado, que não podia largar os meus amigos, que não podia ficar com ela brincando com uma coisa tão séria. Eu, que havia aprendido desde pequeno a cometer crimes tão diminutos, não suporta a ideia de viver uma coisa tão grande, uma coisa que ia e voltava sem parar, trazendo peixes e conchinhas e tubarões famintos de tanto nadar. Eliana me beijou no quarto, entre duas camas de solteiro. Sua língua passeou pelos meus lábios sem pressa, apalpou os meus dentes indefesos e lambeu a minha língua durante toda a minha vida. Do que disse, me lembro de pouca coisa. Tinha um olhar de ciano sobrenadando areia. Os seus olhos eram os meus melhores momentos. Uma pausa em todas as coisas. Uma passagem pra um lugar onde não mais a piscina funda, o sol ardido, a gritaria dos outros. Uma sombra que dançava num cheiro de árvore que um dia daria jabuticabas.