Sinopse
A fabulação gentil do passarinho roubado quase se perde de vista, no emaranhado de situações melodramáticas que se acumulam, em progressão sufocante, nas peças de nobres e nas peças de coronel, sempre ambientadas na Amazônia. Amazônia fantástica, onde, sobre campos nevados, adejam pássaros tropicais, emblemáticos dos cordões; fadas muito alvas, dríades dos bosques, algumas, êmulas de Allan Kardec, espíritos de luz que vivem para proteger os incautos, travam duelos cósmicos com fiticêras negras, mórenas, melhor dizendo, batuqueiras, macumbeiras, umbandistas de grande fundamento e poder; malocas aguerridas, paramentadas com deslumbrantes cocais e capacetes, exibem seus dançados, se exprimem em um tupi-guarani ou nheengatu reconstituído sabe-se lá mediante quais critérios; seres míticos, que povoam o imaginário da gente amazônida, assombram a matutagem ou com ela confraternizam, em humanizada e carnavalesca camaradagem; onde, finalmente, nobres de maus bofes, que vieram da Europa enricar nos seringais, exibem ao mundo atos de maldade, vilania e corrupção, pelos quais serão castigados mediante as artimânias de fadas e feiticeiras e, melhor do que isso, enlouquecidos e destruídos, para gozo da inocência que perseguiram e das virtudes que mancharam.