O ASSASSINO INDELÉVEL

Talvez o destino tenha me conduzido até onde estou neste exato instante. Ou talvez, quem sabe, os desígnios do Senhor ditaram sua sentença e meu périplo existencial chegou ao fim. Sequer posso garantir que as leis cósmicas de retribuição e a causa e efeito do Carma não tiveram nada a ver. Nem posso responsabilizar, única e exclusivamente, a capacidade que permeia a maldade em si, pois por si só, sem a inestimável ajuda do homem, ela carece da força necessária para causar tanta dor. O mais racional, sem dúvida, seria pensar em motivos menos místicos e culpar de tudo a casualidade ou a sorte. Ou também poderia me aventurar, por que não? E imputar ao ocultismo ou a bruxaria como sendo os instrumentos que jogaram às trevas este pequeno povoado entre as montanhas. Mas… o que importa o ‘quem’ quando nada mais importa. O que importa o ‘como’ quando tudo mudou a mais profunda trivialidade. Qual foi a origem? Qual a motivação? O único que intuo é que não sairei com vida do encontro que me aguarda. Jamais senti a capacidade de desejar a morte, de consentir que a desídia se apodere de mim com o brio e a solidez que estava fazendo diante da porta que me separava do vil ceifador de tantas almas inocentes. O ‘Assassino Indelével’ tinha me tirado tudo e eu estava disposto a dar as costas ao juramento, a jogar meu distintivo no abismo para vê-lo pagar por seus pecados.