Sinopse
Chão rachado, gado morto, seca e miséria. É assim que o Semiárido Brasileiro (SAB) normalmente é pautado pela mídia. Nas novelas, o sertanejo é uma caricatura do personagem miserável, subnutrido, ignorante, por vezes, curioso e até exótico. Já nos veículos de comunicação de massa, o sertão nordestino é noticiado quase que exclusivamente nos períodos de longas estiagens, sob o discurso da seca que mata as vacas e assola as plantações. Esses territórios carregam o estigma de região problema, com uma recorrente associação entre clima e miséria, graças a um discurso perpetuado no país desde a virada do século XIX para o século XX. Reproduzindo esse discurso, o jornalismo que se faz sobre o Semiárido brasileiro também é descontextualizado e colonizado, pois insiste em desconsiderar questões muito particulares a esses territórios, como o descaso histórico e as causas da desigualdade social, o que contribui para a desinformação que perdura acerca do do assunto. E se na imprensa escrita o Nordeste e o semiárido são retratados sob o olhar do determinismo geográfico e climático, na televisão essa abordagem tem som, imagem, texto e trilha sonora dramáticos e sensacionalistas. A partir dessas observações e com vistas na transformação do estigma de região problema é que "O sertão que a TV não vê: o jornalismo contextualizado com o Semiárido Brasileiro" analisa conteúdos voltados para outras representações sobre esses territórios sem o determinismo climático propagado há décadas pelos governos e pela mídia. A publicação dá visibilidade à temática territorial a partir das potencialidades e cultura do Semiárido com uma abordagem jornalística e educativa contextualizadas, contribuindo para outra representação de um povo e de territórios há muito retratados de forma caricata pelos veículos de comunicação de massa.