REVOADA

Os sucintos poemas de Revoada de tão harmônicos parecem se mexer numa melodia possível de ser apreciado para ouvidos refinados e literários. A autora que adentra o seu poema sobre os recônditos do passado, revoa sobre a memória, sobre as regras do tempo, colecionando na sua jornada poesias que resistem, remendando cicatrizes no ciclo poético dos seus versos. A poesia de Sonia fala sobre o tempo, as cicatrizes que assolam a pele na impossibilidade de evita-las, criando uma sina de aceitar a própria vida como se ela fosse um belo poema. Com os prazeres da vida, sendo ela feita de pespontos” segue um remendo contínuo a fim de equilibrar a alma com as dores, e assim, tornar possível seguir rumo a superação, ainda que as cicatrizes sejam deixadas e que para suportá-las seja necessário remendar as partes da alma que se fragmentaram. A autora mistura as alegorias das roupas, das malas de viagens, como metáforas que carregam o significado das despedidas, nos trilhos ruidosos / nas malas impenetráveis / e silenciosas / Moram / O Até sempre / O até breve.... A natureza continua a pulsar frente as intempéries, a miséria, a dor e o sofrimento não impossibilitam o universo de continuar a sua rotina de vida. Neste sentido a própria camélia, sendo uma flor, é divinizada pela autora, pois reconhece neste ser uma companhia de labuta, de igual para igual. Levando sua voz ao leitor, a autora propõe-lhe a continuar a leitura somente se esta lhe trouxer alívio, intenção primordial da poesia, permitindo que por meio do compartilhamento das dores e das angústias, o leitor sinta-se calmo em saber-se não só.