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ANÁLISE DO DISCURSO

Roberto Leiser Baronas (org. ).
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Sinopse
Essa edição introduz importantes modificações no texto da primeira, publicada pela Pedro & João Editores em 2007. Dada a pertinência da temática discutida para os estudos linguísticos e discursivos brasileiros e a ótima aceitação da edição de 2007, resolvemos reeditar e ampliar o livro. Acrescentamos em relação à primeira edição mais três textos. O livro passa a ter então 16 artigos de pesquisadores lusófonos e francófonos, filiados aos mais diferentes centros de pesquisa e universidades brasileiras e francesas, que tratam da noção-conceito de formação discursiva . Essa coletânea pode ser considerada única do gênero em português, no domínio da Análise de Discurso de orientação francesa, visto que no seu conjunto pode ser lida como uma tentativa de se fazer história de uma ciência com base na história de um de seus conceitos mais basilares. São textos na sua grande maioria inéditos em português e, alguns também em francês, e que no seu conjunto por um lado retraçam o itinerário da história da própria Análise de Discurso do início dos anos 70 do século passado até os dias atuais e, por outro produzem uma história da noção-conceito de formação discursiva. Neste livro, contudo, nosso intento não é retraçar a escrita da história da Análise de Discurso de orientação francesa, descrevendo desde os primórdios da teoria até o seu atual estado da arte. Objetivamos oferecer, simplesmente, a todos os interessados nas discussões teóricas sobre o discurso, uma descrição um pouco mais detalhada das revisitações pelas quais passou o conceito de formação discursiva ao longo de sua trajetória epistemológica. Cremos que a validade de um trabalho como o cometido está justamente no fato de oferecer aos interessados em questões do discurso algo mais do que as entradas de um verbete de um dicionário especializado. Embora extremamente interessantes tais entradas, por conta mesmo do gênero no qual estão inscritas, não dão conta de evidenciar como diferentes autores mobilizaram teórica e metodologicamente os conceitos. A pertinência desta obra está em oferecer uma espécie de mapa do conceito de formação discursiva, reconstruindo com base em diferentes mirantes discursivos seus meandros, seus volteios, seus desvios, seus desvãos, enfim suas complexidades. Trata-se de um conjunto de textos complementares ou divergentes e alguns inclusive polêmicos entre si, que podem ser interpretados individualmente como fundadores (Claudine Haroche; Michel Pêcheux e Paul Henry), (re)fundadores (Michel Pêcheux, Jean-Jacques Courtine; Jacques Guilhaumou; Dominique Maigueneau; Sônia Branca-Rosoff; Sophie Moirand e Inês Lacerda de Araújo) e de aplicação (Freda Indursky; Maria do Rosário Gregolin; Damon Mayaffre; Lucília Maria Sousa Romão; Claúdia Pinheiro Granjeiro; Sírio Possenti e Ana Raquel Motta; Vanice de Oliveira Sargentini e Roberto Leiser Baronas). São artigos que flagram desde o momento mesmo de formulação do conceito de formação discursiva por Michel Foucault na A Arqueologia do Saber” no final dos anos 60 na França, evidenciam depois a (re)configuração desse conceito à luz do althusserianismo por Michel Pêcheux, Claudine Haroche e Paul Henry no início dos anos 70 e, por último mostram os seus deslocamentos e aplicações mais recentes. Nas quatro décadas de história, é possível asseverar que nenhum conceito do dispositivo teórico-metodológico da Análise de Discurso, forjado pelo mecânico-teorizador Michel Pêcheux, na geografia francesa do final dos anos sessenta do século passado, suscitou tanta inquietação teórica nos estudiosos do discurso quanto o de formação discursiva. Ele é disparado o que mais sofreu e ainda sofre reconfigurações. Esse conceito encarnando o espírito da própria teoria do discurso se constitui muito mais numa máquina de abrir questões do que dar respostas” (Maldidier, 1990, p. 25). Na escrita da história da Análise de Discurso, proposta por Denise Maldidier (1999) é possível observar que o conceito de formação discursiva formulado inicialmente por Michel Pêcheux como aquilo que pode e deve ser dito (articulado sob a forma de uma arenga, de um sermão, de um panfleto, de uma exposição, de um programa, etc.) a partir de uma posição dada numa conjuntura dada” (1971) se desloca, principalmente, a partir das contribuições de Jean-Jacques Courtine (1980) e Jean-Marie Marandin (1980), do terreno da ideologia para ingressar no terreno dos saberes discursivos, tal qual fora pensado inicialmente por Michel Foucault na A Arqueologia do Saber”. Assim, se no primeiro momento a formação discursiva pode ser vista como um exterior discursivo, uma posição ideológica que determina os dizeres do sujeito, ou como um metadiscurso que age diretamente sobre a enunciação dos sujeitos, num segundo momento, por conta do caráter heterogêneo da discursividade, ela precisou ser (re)vista como a descrição do deslocamento realizado pelos sujeitos, de sua passagem de um lugar enunciativo para outro” (Guilhaumou, 1989, p. 65). Nos desenvolvimentos mais recentes da noção-conceito de formação discursiva é possível constatar que esse conceito se por um lado parece se inscrever de vez no paradigma foucaultiano dos saberes discursivos por outro passa a dialogar menos tensivamente com outros teóricos do discurso tais como Mikail Bakhtin, por exemplo. Desse modo, se nos anos 80 a tarefa do analista era pensar entremisturando” descrição e interpretação, como os saberes discursivos se inscreviam em uma formação discursiva, ou quais seriam as condições de enunciabilidade necessárias para tal inscrição, na atualidade, a tarefa do analista é pensar como os diferentes discursos, pelo fato mesmo de sofrerem uma mudança radical no seu regime de materialidades, principalmente por conta da proliferação dos meios de comunicação de massa, constroem as condições de enunciabilidade para se inscrever numa formação interdiscursiva” (Moirand, 2007). A noção-conceito de formação discursiva, embora tenha sido deixada de lado por Michel Pêcheux e alguns de seus colaboradores, no início dos anos 80 do século passado, na França, por conta de seu caráter eminentemente taxionômico , continua sendo um instrumento científico bastante produtivo em trabalhos de pesquisa não só no domínio da Análise de Discurso, mas também em outros domínios das Ciências Humanas e Sociais, tanto no Brasil quanto na França. Para finalizar gostaria agradecer imensamente a todos os autores - Claudine Haroche; Jean-Jacques Courtine; Jacques Guilhaumou; Dominique Maigueneau; Sophie Moirand; Inês Lacerda de Araújo; Freda Indursky; Maria do Rosário Gregolin; Damon Mayaffre; Lucília Maria Sousa Romão; Claúdia Pinheiro Granjeiro, Sírio Possenti e Ana Raquel Motta e Vanice de Oliveira Sargentini - que me ajudaram a compor essa coletânea, autorizando a tradução e a publicação de seus trabalhos, bem como, os professores – Fábio César Montanheiro; Nilton Milanez e Juan Magariños - que me ajudaram na tradução dos textos. Deixo um agradecimento especial a Marie Eugenie Pêcheux por autorizar a tradução e a publicação dos textos de Michel Pêcheux.

Categoria
Editora Pedro e João Editores
ISBN-13 9788579930614
ISBN 8579930618
Edição 1 / 2014
Idioma Português
Páginas 291
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