Sinopse
"Cryptozoic", 1967. Brian Aldiss é um dos mestres, um autor de ficção-científica com um estilo sem igual em beleza e significado, que sabe escolher temas de uma profundidade tal que põem em causa não apenas o futuro da espécie humana para além de todos os horizontes, mas também a sua própria razão de ser.Criptozóica - cujo primeiro volume agora se apresenta - constitui a versão portuguesa de Cryptozoic e não foge à regra, sendo uma das obras mais importantes que alguma vez se escreveram, no género e além dele. A história, em si, parece simples: Edward Bush é um perito em viagens no tempo e também um assassino recrutado por um regime totalitário para ir até às origens dos tempos. Estavam por ali amontoados ao acaso, e, no entanto, com um significado terrível que sugeria a força que os havia atirado para lá. Pareciam algo entre o inorgânico e o orgânico. Proliferavam nas margens do tempo, personificando todas as formas espantosas que o mundo possui; a Terra estava a ter um pesadelo de pedra sobre a descendência que iria enxameá-la.Aquelas formas copromórficas sugeriam elefantes, focas, diplodocos, estranhos animais de escamas e saurópodes, escaravelhos, morcegos, fragmentos de octópodes, pinguins, vermes da madeira, hipopótamos, vivos ou mortos. Surgiram também desajeitadas recordações da psique humana: torsos, ancas, virilhas ligeiramente côncavas, colunas vertebrais, peitos, uma sugestão de mãos e dedos, ombros maciços, formas fálicas: todas diferentes e no entanto todas bem fundidas com as anatomias estranhas em volta naquela agonia solitária da natureza - e todas moldadas ao acaso no betume cinzento, e ao acaso para serem obliteradas. Estendiam-se a perder de vista, empilhadas umas sobre as outras, como se tivessem enchido todo o Criptozóico... ou como se fossem as sinistras previsões daquilo em que se iriam tornar, assim como as pós-imagens daquilo que fora havia muito o passado... Publicada por João Vagos