PARA QUE SERVE A POESIA (1 #1)
Clarice Sabino
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Sinopse
A poesia de Clarice Sabino conduz as palavras a um casamento harmônico, de formas, sons, e significados, tudo o que chove dentro de mim tem a chave que abre no fim. No excerto é visível a sintonia das palavras proporcionadas pela utilização de rimas simples, no caso, a leveza proporcionada pelas técnicas poéticas, são ainda maiores devido ao encaixo dos significados sinestésicos. Com astutas jogadas a poeta vai fazendo do cotidiano a porta de acesso para reflexões bem mais profundas, se a repetição da palavra eu te amo nos seus versos, enfatiza sem rodeios o factual do sentimento, a poeta sabe conduzir o corriqueiro por caminhos que proporcionam um êxtase poético, ocasionado pelo caráter inusitado para os quais sua poesia se dirige, daquele livro de cartas mais inimagináveis que a humanidade já ousou escrever? Aquele livro grande e bonito que espiamos juntos com certa timidez. Embora o recurso da beleza seja constante nos versos de Clarice, a autora não se acomoda apenas nos aspectos estéticos de seus versos, para a escritora a poesia não tem a função de trazer saciedade ao eu leitor, mas sim de proporcionar um enxame de contradições tamanhas, que são até mesmo capazes de estorvar a respiração saída da garganta. Neste sentido, a autora é também crítica e sóbria ao deitar os seus olhos ao mundo, reconhecendo que, é preciso engolir o choro já que uma multidão de pessoas cegadas pelo ego está vagantes sobre a Terra. Para a realidade da existência desta humanidade de coração endurecido, só resta mesmo afogar o choro em poesia.