MULHERES INCOMUNS

As Mulheres Incomuns” de Vanessa Trajano aparentemente vivem os mesmos dramas da mulher mediana, comum, brasileira, mexicana, espanhola, com suas angústias em relação ao próprio corpo, ao namoro, casamento, e também, com todas as inseguranças referentes a própria autoestima. No entanto, estas mulheres distinguem-se porque não se inclinam e imergem-se no pessimismo e obstáculos da vida, mas o encaram, aceitam e vivem, mesmo que aos barrancos e na dificultosa tarefa de seguir a vida lidando com as dores inerentes a existência. Introduzindo a obra, o conto Roupas” mostra uma personagem que precisa lidar com o olhar censurador do outro, que lhe tenta padronizar, estigmatizar numa existência restrita e normativa através de regras preconceituosas que intentam dizer como uma mulher deve se vestir, o que é e o que não é uma mulher bonita e atraente. A autora trabalha a pluralidade de subjetividade de cada indivíduo mulher, com seus sonhos, seus medos, e converge numa mesma protagonista personalidades multifacetadas, com construção de enredos que se desenvolvem no conflito entre as diversas personas de uma mesma mulher. O Incomum de Vanessa mostra a face da mulher que existe imperturbavelmente na essência destas personagens, que embora revestidas na pele de trabalhadores, de mães e de esposas, carregam em si particularidades que subsistem indizíveis e ofuscadas na corrida do cotidiano.