Sinopse
A artista curitibana Ida Hannemann de Campos nasceu no dia 16 de junho de 1922 e nos anos 1940 passou a frequentar o ateliê do pintor ítalo-brasileiro Guido Viaro, de quem herdou sua forte tendência figurativa. Suas figuras são leves, coloridas e espontâneas, produzidas pela sua rica imaginação; ela trabalha com os planos transparentes de luz e cor produzindo uma síntese plástica com base na simplicidade e recriando a natureza. Os seus desenhos merecem um comentário à parte principalmente pela quantidade e variedade de temas, que ela conserva organizados e catalogados por assuntos. São estudos, observações de viagens ou passeios, normalmente datados e assinados formando uma espécie de diário pessoal através de imagens colhidas no seu cotidiano. Há também desenhos como experimentação, sejam eles de técnicas diferentes ou mesmo para desenvolver sua habilidade e gestualidade, privilegiando o nanquim e a aquarela líquida (ecoline). Os desenhos de Ida Hannemann de Campos são rápidos e fazem recurso às mais diferentes técnicas, incluindo a utilização de tinta gráfica. Desenha desde a infância, quando se surpreendia com o que podia fazer nas suas brincadeiras. Gostava de riscar no chão e estes rabiscos tomavam a forma de flores, de bichos, de gente e ela diz que continua riscando até hoje.É nos desenhos, mais do que em outras técnicas, que ela é a intérprete do Paraná, narrando o seu folclore, seus hábitos e costumes, as lendas indígenas e a economia artesanal, principalmente do litoral do Paraná. São verdadeiros documentários gráficos, como as séries Malhando Judas e Lavadeiras, de 1963, e Arrastão, A pesca do siri e Moinhos de mandioca, de 1967, em que registra o folclore urbano e as histórias populares.Nestas séries, como também na série sacra No Horto das Oliveiras, de 1966, como exemplos, ela inventa uma técnica pessoal, desenhando com uma tinta gráfica sobre papel para depois manchar com um removedor doméstico (Varsol, removedor à base de petróleo), o que dava a impressão de movimento.