Sinopse
Quando, no início da década de 1960, Georg Lukács tomoua decisão de abandonar a redação das últimas partes da sua Estéticaem favor de uma investigação sobre a ética, lançou-se em umatrajetória teórica que o conduziria à redação dos volumosos manuscritosque compõem sua Ontologia deixando-nos, sobre a éticapropriamente dita, pouco mais do que algumas anotações dispersase algumas passagens bastante ricas, mas pouco numerosas.A carência de material deixado pelo filósofo húngaro sobrea ética parecia indicar que qualquer estudo sistemático destaquestão nos seus manuscritos póstumos não resultaria em ganhosexpressivos. Esta avaliação parecia ainda mais acertada porqueincorretamente avaliávamos que Lukács, na Ontologia, teria criadoum vasto campo de tensões, se não de contradições, ao afirmar sera política um complexo universal que se manteria no comunismo,enquanto complexos sociais como o Estado e o Direito seriamsuperados com o fim das classes sociais. Redigimos até mesmoum texto em que explorávamos o que seriam, a nosso ver, estasdebilidades do último Lukács (Lessa, 2002a). Uma universalidadehistórica da política a tornaria compatível com a ética: um terrenoindefensável a partir dos pressupostos ontológicos mais gerais dopróprio Lukács.