SOB EFEITO DO NADA

"Estou sentado por cima da tubulação de um esgoto sem fim, no meio de um monumento dedicado ao progresso da humanidade, rodeado pelo claro e aziago azul ondulado do impiedoso Oceano Atlântico. Estou de cócoras nos intestinos de um local histórico, um lugar dedicado a receber os seus fatigados, as suas massas amontoadas, e a dar a eles... o quê? Liberdade, você diz? Liberdade para fazer... o quê? Liberdade para abandonarem suas veneráveis tradições, que davam a suas vidas um senso de significado e as suas mortes um senso de encerramento? Liberdade para atirarem fora sua conexão com o antigo e adotarem um materialismo irrestrito? Liberdade para se degradarem, se rebaixarem, se corromperem, se transformarem em animais, em algo pior do que animais? Liberdade para elevarem o baixo-ventre acima do cérebro; para garantirem que seus filhos se tornem cafetões e suas filhas putas; para condenarem sua descendência ao Inferno para sempre?"