VIVER A VIDA NÃO VIVIDA (REFLEXÕES JUNGUIANAS)

"Quando chegamos em um momento crítico da meia-idade, nossa psique começa a buscar o que é autêntico, verdadeiro e significativo. É nesse momento que nossa vida não vivida se ergue dentro de nós, exigindo atenção. A vida não vivida não 'desaparece' apenas por falta de uso, ou ao ser deixada de lado. Ao contrário, vai para o subterrâneo e se torna problemática - algumas vezes muito pertubadora -, conforme vamos envelhecendo. É claro que ninguém pode vivenciar todas as possibilidades da vida, mas há aspectos-chave de nosso ser que precisam ser trazidos para a nossa vida, sob pena de nunca conseguirmos nos realizar plenamente." O que é a vida não vivida ? Ela inclui todos aqueles nossos aspectos essenciais que não foram integrados de maneira adequada à nossa experiência. Podemos ouvir, a distância, o rufar dos tambores da vida não vivida nos murmúrios que se passam no fundo de nossa cabeça - "Eu teria...poderia...deveria..." Quando nos encontramos em depressão na meia-idade e, de repente, odiamos nosso cônjuge, nosso trabalho, nossa vida, podemos ter certeza que a vida não vivida está buscando nossa atenção. Quando nos sentimos agitados, entediados ou vazios, apesar de termos uma existência exterior plena de riquezas, a vida não vivida está nos pedindo envolvimento. Não realizar esse trabalho vai nos deixar esgotados e desgastados, com uma sensação desnorteante de tédio ou fracasso. Como talvez você já tenha descoberto, fazer ou adquirir mais não abranda seu mal-estar ou sua insatisfação. Sufocar esses sentimentos renegados ou obedecer de maneira subserviente às rotinas de sua vida não será suficiente. Tampouco vai funcionar meditar visualizando uma luz ou tentar colocar-se acima dos sofrimentos dessa existência terrestre.